terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Grito

Apeteceu-me por aqui um poema com que me identificasse, ando para o fazer há algum tempo. Mas não queria algo liríco do Fernando Pessoa ou de Cesário Verde, que afinal de contas são os meus poetas favoritos.

Escolhi Amália Rodrigues, uma pessoa que sempre admirei e que tenho vindo a descobrir nos últimos tempos.

Grito

Silêncio!

Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.

De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.

Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.

E eu,
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.

Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.

Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!

Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.

Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura.

Obrigado por tudo

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